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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Paramilitares: Não me assusto mais

Morro do Dendê é ruim de invadir
Nós com os alemão vamos se divertir
Por que no Dendê eu vou dizer como é que é
Aqui não tem mole nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a BOPE Treme
Não tem mole pro Exército, Civil nem pra PM
Eu Dou o maior conceito para os amigos meus
Mas morro do Dendê,Também é Terra de Deus
(...)
Em um post antigo, da época em que este blog ainda estava em domínio uol, escrevia a respeito de minha estranheza em relação à proximidade entre o verbete ''paramilitares'' e a realidade brasileira.
Pois bem. Esta semana eu estava em meio a uma pesquisa na popular enciclopédia on-line ''wikipedia'' e me deparei com estatísticas no mínimo instigantes (link sob o título). Numa tabela sobre a capacidade de mobilização militar dos países ao redor do globo há informações sobre o número de militares ativos e reservistas de cada país. Nada de novo até aí. China, Estados Unidos e Coréia do Norte lideram em número de tropas regulares.
Porém, o que mais me chamou a atenção foi o terceiro item da lista: Tropas paramilitares. Nesse quesito, surpreendeu-me ver os Estados Unidos com algumas dezenas de milhares de tropas irregulares. Vietnã também.
O interessante é constatar o Brasil na lista, onde ocupa a 10ª posição com alegados 285.000 paramilitares.
Esse termo, paramilitares, designa uma série de grupos com diferentes estratégias, intuitos e poderios.
Comecei o post com a já célebre música de dois MC's que mal existiam para o mundo ates do mega sucesso ''Tropa de Elite''. A música narra o quotidiano da favela quando se defronta com ''o único braço do Estado que sobe o morro'', (a polícia) e nomeia as armas que estão nas mãos dos traficantes.
Os paramilitares que a pesquisa se refere são os traficantes que fazem dos complexos de favelas das grandes cidades o seu refúgio, seu domínio. Mas não só eles.
Hoje, 10/12, numa reportagem casual lembrou-me o caso Dorothy Stang, assassinada por grileiros.
Grileiros, traficantes e mesmo os nossos nativos representam o número vergonhosamente nosso na internet. Índios (paramilitares?) mantém reféns, matam grileiros em confrontos, fazem sequestros. Nossos bons e inocentes nativos, que em alguns pontos do país sustentam ostensivamente o retrato do ''salvador'' Evo Morales, uma clara afronta ao país.
Continuo pois, abismado com os rumos do Brasil e a alienação de grande parcela da população e mesmo da intelectualidade que não vêem a situação caótica que enfrentamos. E ainda se atrevem a chamar Evo e Chávez de ''bons homens e salvadores do povo latino-americano''.
Dia 10 de dezembro acaba o prazo de permanência da Kfor, a Força de Implementação da Paz para o Kosovo. É provável que haja violência sustentada por paramilitares sérvios e kosovares albaneses. Por que será que não me espanto?

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Divórcios

A proposta do escritor judeu Amós Oz para o Oriente Médio parece estar em voga nos atuais dias, sobretudo na Europa. Divórcios.
Quando Oz fala que a única alternativa para Israel e Palestina é o divórcio, nada amigável, tampouco satisfatório, mas necessário, o pesquisador expõe a tendência que passa a tomar conta da mentalidade européia no fim da primeira década do século XXI.
Recentemente crescem os rumores de uma separação até pouco tempo improvável entre as duas entidades culturais da Bélgica, a Valônia, francófona, e a região de Flandres de influência holandesa. Ambas as regiões foram aculturadas pelos belgas como parte de uma nação única.O presidente Yves Leterme apóia a proposta de cisão, e a população tem se manifestado favorávelmente.
No complicado barril de pólvora da região mediterrânea, não bastassem os velhos problemas entre as antigas repúblicas iugolavas, a Turquia também contribui para dar à UE mais dor de cabeça. Os turcos, após intenso debate em torno da questão da secularização e do papel do país frente aos muçulmanos e à União Européia, se preocupam mais com seu lado oriental. Expulsar a minoria curda que ocupa o leste do país e planeja se utilizar desse naco da Turquia para construir seu próprio Estado parece ter se tornado prioridade. Os combates se intensificam e os curdos instabilzam a região, além do Irã, que nesta semana começou a ter problemas mais sérios com rebeldes curdos em sua fronteira. Porém, essa atitude não só atrapalha as relações do país com os EUA (pois a ofensiva turca tornaria instável o já frágil equilíbrio de forças políticas do Iraque), como também dificultaria as relações com os países que representa junto à OTAN no mediterrâneo.
Esse é outro divórcio bastante problemático. Se arrasta há mais de uma década e parece não encontrar um fim satisfatório para as partes envolvidas. Hoje se reúnem as autoridades da Sérvia e do Kosovo para, ao menos, encenarem a tentativa de estabilizar a situação iniciada nos anos 90. Já se diz que não haverá acordo. Em dezembro encerra-se o prazo para a resolução do caso.
O divórcio da Iugoslávia já rendeu em torno de quinze republiquetas que só agora, dez anos após as encarniçaadas guerras que deixaram centenas de milhares de mortos, começam a se estruturar. E caso haja mesmo a guerra que se prevê no Kosovo, a instabilidade da região poderá fazer surgir os sentimentos dos sérvios bósnios que procuram independência total em relação à Federação, e a província de Vojvodina, que há tempos tensiona as relações entre Belgrado e Budapeste.
Ainda há que se lembrar o processo movido pelo governo espanhol contra os líderes do movimento independentista basco na Espanha. Essa situação põe em risco também a paz na Europa do Oeste, que há tempos regozija-se da prosperidade da UE. A Espanha ameaça suprimir os direitos da minoria basca, começando por ''caçar'' seu sustentáculo político e limitar as autonomias da região.
São situações previstas desde o começo da década pelos analistas políticos, e que agora se confirmam num meio que tende cada vez mais ao conservadorismo e à intolerância, regredindo o processo iniciado há anos que visava admitir na Europa todas as culturas.
Divórcio em tempos de paz e guerras em nome da paz nos divórcios. É a previsão para um futuro muito próximo.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Confidencial: Questões de Segurança Nacional

Entre inúmeras questões pertinentes à realidade brasileira, poucas são tão renegadas, taxadas e esquecidas quanto às que se referem às Forças Armadas e a Segurança Nacional, temas mantidos sob um véu de esquecimento e negligência desde o fim do Governo Militar.
Há alguns anos, ao conversar com uma antiga professora do ginasial enquanto observava o desinteresse e o desrespeito da população para com as comemorações cívicas do Dia da Independência, pude perceber a que ponto chegou o discurso da esquerda e dos ‘’defensores dos Direitos Humanos’’. Comentávamos na oportunidade que poucas pessoas apreciam e dão real significado e valor às comemorações cívicas e às nossas instituições mais antigas e presentes, sobretudo as Forças Armadas.
Em debate veiculado no dia 20 de maio de 2007, no programa ‘’Canal Livre’’, da rede Bandeirantes, o Cel. Marcondes Tenório, responsável pelo Departamento destinado à vigilância da Amazônia debateu temas referentes à situação de nosso país no que tange à atuação das Forças Armadas na manutenção da Soberania Nacional. Vários problemas foram apontados pelo Cel. a respeito da infra-estrutura de que nossos defensores dispõem.
Segundo o Cel., nas fronteiras do Brasil com outros nove países, seria necessário haver um contingente muito maior do que os 40.000 homens das Forças Armadas já estacionados na região. Essa negligência de pessoal e de recursos permite a ocorrência de crimes de ordem ambiental, como extração ilegal de madeira e contrabando de animais, além de contrabando de mercadorias, drogas e armas. A presença de guerrilheiros de diferentes grupos entrando no território brasileiro constitui uma grave quebra da soberania nacional e um perigo à segurança dos povos que vivem na fronteira e que não dispõem de um sistema de defesa policial adequado.
Além disso, apesar do fato de o Brasil não ser um país de tradições belicistas, a superioridade bélica é um dos fatores fundamentais do equilíbrio político da América do Sul que favorece o Brasil como principal potência. Essa superioridade bélica foi garantida pelos governos militares que sempre priorizaram a questão dos armamentos e do cuidado com a infra-estrutura de nossas forças de segurança. Porém, hoje, com a Venezuela de Chávez num processo armamentista claro e objetivo, destinado a implantar na América Latina o ‘’socialismo do século XXI’’ e eliminar, sabe-se lá como, ’’a ameaça americana’’ e com os demais países alinhados a Chávez patrocinando as atividades de grupos terroristas e contrabandistas de armamento e drogas, desenha-se um cenário perigoso para a Soberania Nacional.
Uma solução que proponho para a questão da fiscalização da região, retirada de minhas leituras é de que se faça nas fronteiras a norte o mesmo que o Governo Imperial fez com o Sul do Brasil, colonizando-o com grandes efetivos militares, gerando uma região que se protege de invasões externas e desenvolve-se de maneira efetiva ao redor da ‘’máquina bélica’’. A receita é sulina, mas bem poderia ser aplicada ao norte do país.
Com se não bastasse esta série de problemas estruturais internos e o perigo da desorganização e banditismo populista reinante nos países fronteiriços, há uma nova questão que abala os alicerces de nossa política de Segurança Nacional. Ainda segundo o Cel. Tenório, em recente relatório, a ONU declara que, com as mudanças climáticas que o mundo presencia nos últimos tempos, há uma forte tendência de que os habitantes dos países mais afetados por essas mudanças climáticas procurem novos locais, com potenciais naturais que atendam seus interesses, vindo a reivindicá-los mesmo que a custo de guerra. Nesse ponto não são necessárias maiores explicações quanto ao risco de o Brasil tornar-se alvo dessas investidas.
Antes que pudesse formular a questão principal referente ao problema, o Cel. tratou de responder claramente que não temos condições de enfrentar inimigos externos desse porte. Nossas Forças só podem se opor a ‘’forças de mesmo nível’’. E o que significa isso para um país que vive uma estagnação bélica de mais de vinte anos? Perigo.
A libertinagem democrática que o país experimenta desde o fim da ditadura e, conseqüentemente, o cessar do controle da mão forte do Estado sustentando nossas Forças Militares, fez com que enfraquecêssemos tanto no cenário internacional (político, militar, econômico e etc.) quanto no cuidado com as políticas de segurança interna, pública e fronteiriça.
Nossa decadência política, econômica e mesmo moral são a face e o resultado de um país que perdeu as estribeiras em nome de um ideal de liberdade que nunca soube respeitar ou utilizar de maneira correta. Nossa defesa nunca foi tão negligenciada e nossos soldados, que fazem juramento de amor à pátria e dão a própria vida pela bandeira e pelo povo do Brasil nada mais são hoje do que meros espectadores de sua própria decadência junto ao governo e ao povo que, até hoje, juram sempre defender.
Deve-se, pois, atentar-se quanto à realidade de nossa segurança e, sobretudo, deve-se fazê-lo rápido, pois nosso tempo está condicionado ao ritmo da destruição do meio ambiente mundial, que progride velozmente e ao juízo de nossos vizinhos, cujo passado atesta que não se pode confiar.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Os bálcãs mandam lembranças

Sei que pode parecer estranho, coisa de gente neurótica, fascinada pelo que faz e que enxerga chifre em cabeça de cavalo, mas eu não posso evitar constantes menções à realidade balcânica, tema de minhas mais recentes pesquisas, quando sou levado a pensar e debater política e sociedade.
Pra começo de conversa, não entendo a imprensa. Na década de noventa, quando a política balcânica convulsionou-se em guerras selvagens e, por vezes, constrangedoras, os jornais não paravam de exibir e explicar o conflito ‘’historicamente’’(as aspas são um protesto pelo uso por vezes inadequado da pesquisa histórica no meio jornalístico), investigando anacronicamente suas origens e fazendo com que um processo social complexo e antiqüíssimo fosse tratado como ‘’explosão de violência injustificada’’.
De acordo com os testemunhos que ouço, à época, as notícias sobre Dubrovnik e Sarajevo pipocavam a todo o momento. A esses primeiros conflitos não assisti (aquele que vos escreve ainda é um jovem de ‘’vinte e poucos’’, e ainda dava os primeiros passos nem tão sólidos - às vezes acho que muito mais sólidos do que os de agora - em direção à História), mas pelo que leio hoje e sempre ouvi, os Bálcãs estiveram nas salas de estar da maioria das pessoas e lá permaneciam por longo tempo.
Quando eclodiu a Guerra do Kosovo (resultado de uma série de tensões também muito antigas, agravadas pela dissolução da antiga Iugoslávia e pelo crescimento dos movimentos armados muçulmanos, já na época evidentes, hoje uma realidade mundial) pude acompanhar o desenrolar dos fatos e as conseqüências destes para o mundo que entrava no século XXI.
A questão é que, depois disso, a região desapareceu do mundo. Após a prisão de Milosevic e sua extradição para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (ICTY), a mídia esqueceu os Bálcãs e, pelo jeito os historiadores ocidentais também. Em 11 de julho de 2005, os Bálcãs lembraram-se do fatídico massacre na cidade de Srebrenica que, em 1995, foi invadida por efetivos do exército sérvio bósnio e onde estes mataram cerca de 7.000 homens, o pior massacre ocorrido na Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Exceto isso e as noticias dos shows que Milosevic dava na prisão de Haia, recusando a aceitar sua culpa nos conflitos e a autoridade do TPI, os jornais e a televisão esqueceram-se do barril de pólvora balcânico.
Agora, em 2007, o mandato especial da ONU para a proteção de Kosovo expirará. A comunidade internacional sabe disso e, sobretudo, sabe das conseqüências da retirada de tropas da região, pois os Bálcãs, se não estão convulsionados em guerras como a dez anos, também estão longe de ser uma região pacífica, estável e segura. O ‘’Courriers des Balkans’’, publicação francófona que traz noticias bastante interessantes a respeito da região noticiou por esses dias que o governo sérvio liderado por Vojislav Kostunica, que se parecia ser o homem encarregado de apagar as péssimas lembranças que o governo de Milosevic deixou na Sérvia, autorizou (ou ao menos recusou-se a condenar) a formação de um grupo paramilitar sérvio em território kosovar, em virtude da forte campanha nacionalista da minoria étnica albanesa que busca a independência da região (financiada pela máfia albanesa que ganha fortunas permitindo que as áreas albanesas dos Bálcãs sirvam de caminho de entrada para o ópio produzido no Oriente Próximo e que faz sucesso na Europa) e do risco da retomada das hostilidades iniciadas em 1999, que causaram comoção mundial. Esse grupo, segundo um dos líderes da organização que reúne os veteranos sérvios das guerras balcânicas da década de 90, é chamado de ‘’Guardiões do Príncipe San Lazar’’ – O último príncipe sérvio derrotado pelos turco-otomanos na batalha de Kosovo Polje em 1398 - e reúne, atualmente, 5000 voluntários sérvios armados e prontos para ‘’defender, por todos os meios necessários, a população sérvia do Kosovo’’, no caso de um levante armado muçulmano que suspeita-se estar próximo, dados o fracasso das negociações de Matti Atisahari, emissário da ONU para Kosovo, e o governo sérvio e a crescente reticência da Sérvia em aceitar a redivisão de seu já vilipendiado território.
O estabelecimento e o reconhecimento de um grupo paramilitar sérvio em território kosovar deixa em alerta os mais atentos. Os ‘’Guardiões do Príncipe San Lazar’’ fazem lembrar os ‘’Tigres de Arkan’’ de Raznatovic, que espalharam terror na Bósnia Oriental, ou os ‘’Escorpiões’’ que participaram do massacre em Srebrenica e cujos integrantes (alguns) foram julgados e condenados por um tribunal sérvio há algumas semanas, num processo histórico para a Sérvia. Não é um bom retrospecto e acredito que o leitor concorda comigo. Estruturar oficialmente um grupo desses é demasiado perigoso para as relações entre os países da esfera iugoslava. Como disse Milosevic certa vez: ‘’não falem em corda na casa de um homem que acabou de se enforcar’’...

Os bálcãs mandam lembranças - Continuação

(...) Confiar no simples fato de que esses conflitos não mais existem por não estarem aparentes ou ‘‘na mídia’’, permitindo que velhos erros se repitam é bastante problemático. É hora de darmos mais atenção a essa questão. A comunidade internacional precisa mover-se para assegurar que os problemas dos anos 90 não ressurjam e a imprensa precisa prestar mais atenção e esclarecer a população a respeito desse processo.
A imprensa e os historiadores precisam de um senso crítico mais aguçado e de um maior interesse pela realidade dos processos históricos mundiais (a chamada macro-historia) e suas conseqüências em diferentes prazos. Ao invés de discutirem se a história é marxista-comunista (doutrina zumbi, uma vez baseada no defunto denominado comunismo) ou se Chávez é ou não a representação do mito do bom nativo, em versão venezuelana, o índio que vem libertar o povo da miséria causada pelo branco (coitados dos que acreditam nisso, pois se perceberão imbecis em breve) devemos nos preocupar em erradicar o pensamento de que só por que algo está geograficamente distante, não é importante, relevante para nós.
O que se vê na história dos Bálcãs é um exemplo de comportamento humano que transcende limites nacionais e, tal qual o holocausto, é um exemplo histórico que deve ser sempre lembrado e avaliado, pensado das mais diversas formas e facetas, pois essa análise se revela imprescindível não para discursos de pacifismo (que definitivamente não me convencem), mas para a compreensão dos processos comuns a toda a humanidade e que podem ser trazidos para a realidade brasileira.
Esquecer é impossível, justificar o que ocorreu é loucura. Expor e dar atenção talvez seja uma solução para que Srebrenica não se repita.

Memória

Transcrevo a seguir o pronunciamento conjunto dos líderes de nossa Forças Armadas relativo à comemoração dos 62 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa:
DIA DA VITÓRIA
No dia 8 de maio de 1945, o mundo celebrava o fim de uma guerra cruel, que envolveu inúmeros países, entre eles o Brasil e que teve conseqüências devastadoras para muitos deles. O Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, localizado no aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, guarda, em seu interior, os nomes dos brasileiros que pereceram em prol da liberdade e da democracia, contra uma ideologia totalitária, a utopia nazi-fascista.
As águas do Oceano Atlântico, o solo da Itália, o céu da Europa e da costa brasileira testemunharam os valores dos nossos marinheiros, soldados e aviadores. Muitas vidas foram ceifadas, ainda na sua juventude, e outras ficaram marcadas pelos horrores da guerra. Todavia, restaram comprovadas palavras contidas em uma estrofe de nosso Hino Nacional: “Verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora a própria morte”.
Hoje, no aniversário dessa marcante data da história contemporânea da humanidade, relembramos nossos mais denodados e recentes heróis e, através de seus exemplos, as Forças Armadas trazem, à reflexão da sociedade brasileira, a importância de o País ter uma real capacidade dissuasória, garantindo que elas estejam permanentemente capacitadas a preservar os interesses maiores do País e sobrepujar qualquer que atente contra nossa soberania.
O compromisso inarredável dos militares é com a garantia da paz. Entretanto, diante das lídimas tradições dos nossos patronos, Tamandaré, Caxias e Santos Dumont, fortalecemos a nossa convicção da necessidade da coesão, do preparo e da existência de meios e equipamentos manutenidos e prontos para emprego na defesa da Pátria, onde e quando a vontade nacional indicar ser necessário.
Os novos tempos ensejam, no seu bojo, incertezas quanto à disponibilidade dos recursos minerais e energéticos no cenário mundial; as chamadas “novas ameaças”, entre elas o terrorismo e os crimes transnacionais, não respeitam os limites das fronteiras; e a posição pretendida – e de direito – do Brasil, na conjuntura das relações internacionais, corrobora a necessidade da existência de um poder militar condizente e em sintonia com os anseios da sociedade brasileira.
O fervor cívico deste dia, o Dia da Vitória, perpassa todos os estratos sociais e nos faz sublimar os ideais democráticos, além de reforçar a nossa certeza de um futuro glorioso para o nosso País, como escreveu Olavo Bilac, em nosso Hino à Bandeira: “E o Brasil, por seus filhos amado, poderoso e feliz há de ser”.
Brasília-DF, 8 de maio de 2007.
Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura NetoComandante da MarinhaGeneral-de-Exército Enzo Martins PeriComandante do ExércitoTenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti SaitoComandante da Aeronáutica