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sábado, 30 de outubro de 2010

Desfribilador!


Tentando mais uma vez reviver este esquecido e modesto instrumento de opinião e divertimento.
Tenho trabalhado com tanta coisa, visto tanta coisa, ouvido tanta coisa que acho que vale a pena compartilhar. Tiro deste espaço, definitivamente, a rudeza e inflexibilidade da política e me coloco de uma maneira tanto mais leve quanto mais diversificada. Tentarei trazer amigos e colaboradores para aumentar o alcance e a relevância deste espaço.

Espero continuar neste propósito e fazer bom trabalho.

domingo, 15 de março de 2009

Tempos de estruturação

Bons dias

Tardes

Noites.

Em primeiro lugar, cabe deixar às claras uma questão: A retrospectiva anunciada no post de reinauguração terá de ser feita aos poucos. Possivelmente com um post para cada mês do ano se 2008. Espero que consiga publicar o texto a respeito de janeiro ainda hoje.

Vamos às notícias do dia:

Folha On Line:

Na edição de hoje a Folha destaca as várias contradições e a reação da opinião pública acerca das questões que envolvem o conflito que já há anos ocorre no Sudão, onde as disputas por poder entre tribos (e tendências políticas) rivais já provocaram dezenas ou mesmo centenas de milhares de mortes. A chamada ''questão de Darfur'' já vem a tempos trazendo preocupação para várias instâncias internacionais, desde a União Africana até o Tribunal Penal Internacional, que exige a prisão do presidente sudanês.

A reportagem traz uma comparação entre as opiniões de três antigos ministros de Relações Exteriores acerca da postura do Brasil frente aos problemas internacionais.
A posição defendida por Luis Felipe Lampréia e Celso Lafer destaca que a anuência do regime brasileiro em relação a ditaduras e governos que nitidamente desrespeitam os direitos humanos, como os casos do Sudão e de Cuba, prejudica a imagem brasileira, que se propõe como um país pacífico e contrário às violações aos Direitos Humanos. A não condenação aberta de Lula a Fidel ou a Omar Bashir ''ameaçam a credibilidade do Brasil''. 

O autor destaca também que as motivações para esta atitude podem ser principios ou vontades do governo Lula, bem menos benevolentes do que a simples obediência a principios de não interferência. Segundo Lampreia, uma tomada de posição mais firme do Brasil contra Omar Bashir ameaçaria o suposto apoio árabe a uma candidatura do Brasil para o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente. 

A retórica da diplomacia de Celso Amorim vai contra uma série de medidas e tradições do nosso país em nome de interesses da Nomenklatura brasileira.
Francisco Rezek, que foi ministro no primeiros dois anos do governo Collor defende que, apesar de gafes e contradições da política externa brasileira dos últimos anos, o governo entende ''o que é certo e o que não é''.

O debate persiste em torno de problemas onde o Brasil quer se fazer presente (a luta encarniçada por uma vaga no CS atesta isso) mas que, paradoxalmente, se furta à tomada de posição frente a ditaduras e horrendas violações dos direitos humanos.

Já o portal G1 traz como notícia  a publicação de um livro compilado por Murat Bardakci, que expõe os números do massacre turco contra a população armênia no início do século XX. 
A publicação do livro traz à tona esse velho fantasma que assombra a vida, a memória e mesmo a política da Turquia. Entre 1915 e 1916, quase um milhão de armênios foram mortos pelas tropas turcas naquele que é considerado o primeiro genocídio da história. Assim se considera devido ao fato de que o termo ''genocídio'' foi cunhado pelo linguista e advogado polonês Raphael Lemkin para designar e diferenciar o caráter dos crimes cometidos contra os grupos armênios na Turquia.

Segundo a reportagem, à medida que a sociedade turca tem se tornado laica e mais aberta, tanto na mentalidade quanto na política e nos modos de lidar com a memória do Império Otomano, mais produtivo tem sido o debate em torno desse importante momento da história turca.

O autor trabalhou com os documentos de Talat Pasha - principal orquestrador das deportações armênias em território otomano - entregues a ele pela viúva de Pasha, Hayryie. Os documentos apresentam as listas que dão uma noção do abalo demográfico resultante das deportações e do genocídio. ''Antes de 1915, 1.256.000 armênios viviam no Império Otomanos. Dois anos depois, o número era de 284.157.''

Os autores turcos defendem que havia necessidade urgente em efetuar a deportação dos Armênios, pois estes apoiavam o Império Russo num momento de guerra entre os dois impérios. Porém autores sustentam que o número de mortes, suas formas e o empnho das autoridades não evidenciam a luta contra um grupelho de rebeldes, mas sim um grande plano de extermínio.

O fato que chama atenção, no entanto é de que a Turquia permitiu a publicação do livro e, mais que isso, permitiu-se dicutir um assunto que há muito tem sido tratado como tabu pelas autoridades e pelo povo.

Fica a esperança de que a Turquia possa, num futuro próximo, acertar as contas com seu passado. Não se trata de pedir perdão a outrem, mas de assumir todo o caráter e todas as páginas de seu passado.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A volta, à obra.

Eis que retorno.

Depois de um ano sem postagens, com o blog atirado às favas, retorno ao espaço com a esperança de voltar a prestar bom serviço.
A reta final do curso de história me consumiu por completo. Fadiga intelectual e mesmo física não me permitiram dar a esse espaço a dedicação necessária. Além disso, os feriados excessivos desse pobre país que passa longe de ser laico e responsável, me tiravam completamente a chance de escrever, uma vez que impunham, com impõe ainda, um ciclo de preguiça, irresponsabilidade e letargia naquele que vos escreve.

Por aqui tento recomeçar. Livrar a mente dos vícios apreedidos nos últimos anos (os intelectuais, que são os piores) e repensar atitudes e posturas, fatos e palavras, tem sido a sina desde janeiro.
Move-me à volta o desejo repentino de expressão. De voltar a pôr no papel as idéias e voltar a escrever decentemente, após ter sido, por vários lados, alijado desse formidável exercício. É um prazer voltar a ouvir o barulho do teclado produzindo algo descente.

Bem, Fica pro próximo post um índice para recapitular os fatos passados em 2008, infelizmente não constantes nesse espaço, mas que, à partir de agora, serão temas de textos breves onde, pretenciosamente, gostaria de esclarecer e problematizar alguns pontos e fatos, pessoas e atos do ano ido e deste vindo.

Espero companhia.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mensagem russa a despeito da independência unilateral do Kosovo

O Conselho da Câmara do Conselho da Federação e o Conselho da Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação da Rússia expressam a sua extrema preocupação por ocasião de declaração por parte da província do Kosovo da sua independência e da sua retirada do território da Sérvia, violando as normas fundamentais do direito internacional, o espírito e a letra das resoluções vigentes e não cumpridas do Conselho da Segurança da ONU, em particular, da Resolução 1244 (1999).


O separatismo do Kosovo não tivesse nenhuma perspectiva se não fosse do início apoiado pelos estados ocidentais, em primeiro lugar pelos Estados Unidos da América. Na pratica é uma tentativa de destruir a correlação entre o direito e a força nas relações internacionais, de tornar estéril o significado das conversações como meio justo de regulação dos conflitos, de ignorar os interesses legítimos de uma das partes do conflito e silenciar as violações contínuas dos direitos humanos por principio da etnia.

A Sérvia é um Estado democrático, que existe nas fronteiras internacionalmente reconhecidas e é o membro da ONU. As acções de hoje visadas ao desmembramento do território deste pais, a soberania de qual sobre a província do Kosovo é reconhecida pelo Conselho da Segurança da ONU, não é possível explicar por nada senão a intenção de levar até ao fim a operação ilegítima dos Estados - membros da OTAN contra a ex-Jugoslávia em 1999. O direito das nações para a autodeterminação não pode se tornar em justificação do reconhecimento da independência do Kosovo com a recusa simultânea mesmo de discutir os actos similares dos outros Estados autoproclamados que alcançaram a sua independência de facto exclusivamente por seus próprios esforços.

O Conselho da Câmara do Conselho da Federação e o Conselho da Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação da Rússia declaram que nomeadamente os dirigentes dos Estados-patracinadores do regime da Pristina e que apoiam hoje a independência do Kosovo tem a responsabilidade directa pela sabotagem de facto do processo negocial no qual a parte Sérvia manifestou o máximo da flexibilidade e a prontidão para o compromisso. Vão também ter toda a responsabilidade pela agudização inevitável dos conflitos territoriais existentes no mundo e pelo aparecimento dos novos, pela proliferação das ideias e correntes políticos radicais provocados pelo precedente do Kosovo, pelas consequências destrutivas para todo o sistema do direito internacional e estabilidade universal.

O Conselho da Câmara do Conselho da Federação e o Conselho da Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação da Rússia chamam atenção à Resolução 1595 (2008) da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa que em nome de todas as nações da Europa fala da necessidade de “continuar as conversações na base da resolução 1244 do Conselho da Segurança da ONU (1999) e de tomar a decisão de compromisso no futuro mais próximo a fim de prevenir a transformação de Kosovo numa barrica de pólvora e finalmente num conflito congelado nas Balcãs”.

O Conselho da Câmara do Conselho da Federação e o Conselho da Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação da Rússia compartilham inteiramente a posição do Fórum parlamentar da organização europeia mais representativa e estão a constatar que os lideres dos países que provocaram a ruptura do processo das conversações colocaram-se pelas suas acções contra os interesses dos povos da Europa.

Enfrentando as grandes ameaças à estabilidade internacional e aos interesses da Rússia como o resultado duma política irresponsável dos Estados Ocidentais, as autoridades da Federação da Rússia devem recorrer às todas as medidas necessárias para proteger os princípios do direito internacional, justiça e segurança mundial.

O Conselho da Câmara do Conselho da Federação e o Conselho da Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação da Rússia consideram impossível de reconhecer a província servia do Kosovo como um Estado soberano, a entrada do Kosovo na ONU e nas outras organizações internacionais fieis aos princípios fundamentais do direito internacional, e apelam aos autoridades da Federação da Rússia a recorrerem aos correspondentes esforços diplomáticos a fim de prevenir um tal desenvolvimento da situação.

Hoje em dia, tornando se a situação no Kosovo num precedente internacional, a Federação da Rússia nas suas abordagens aos conflitos territoriais deve tomar em conta o cenário do Kosovo e passos práticos dos outros países quanto ao estatuto de Kosovo.

O Conselho da Câmara do Conselho da Federação e o Conselho da Duma Estatal da Assembleia Federal da Federação da Rússia consideram que o reconhecimento do estatuto independente do Kosovo vai criar todas as premissas para elaboração dum formato novo das relações entre a Rússia e os países independentes autoproclamados na zona dos interesses essenciais da Rússia nomeadamente no espaço da antiga União Soviética.

Presidente da Duma Estatal

da Assembleia Federal da Federação da Rússia

Boris Gryzlov

Presidente do Conselho da Federação

da Assembleia Federal da Federação da Rússia

Serguei Mironov

domingo, 20 de janeiro de 2008

Nações e Nacionalismos - De 1989 aos nossos tempos

No intuito de acompanhar atentamente os fatos que mudam e, sobretudo, instabilizam a Europa e dando início ou respaldo ao projeto que em breve será aqui publicado a respeito do nacionalismo europeu contemporâneo, inauguro as postagens relativas à realidade que se propõe a nós como desafio às concepções políticas, geográficas, históricas e diplomáticas do mundo atual. Reportagem retirada do Jornal português ''Diário as Beiras''

Gonçalo Capitão

Brincar aos mapas
Definitivamente, creio que os europeus não aprendem... Nem a I nem a II Guerra Mundiais parecem ter feito da saúde mental um must do Velho Continente.
Bem sei que já bati nesta tecla, mas entendo que não é excessivo, nesta altura, voltar à carga, embora com notas prévias: não tenho nada contra a Albânia, em si, não recebo avença da Sérvia e muito menos sofro de islamofobia (abomino os fundamentalistas islâmicos, como abomino todos os fanáticos de qualquer religião ou ideologia política; abro uma excepção benigna: a Briosa!).
Como bem perceberam, estou a falar na provável declaração de independência pelo Kosovo, com base no (desastroso) plano do enviado especial da ONU, Martti Ahtisaari, que alguns países europeus e os EUA se preparam para aplaudir...
Assim à primeira vista, surgem-me apenas alguns “problemazinhos” que convido os apoiantes da causa kosovar a esclarecer e os leitores, em geral, a pensar.
Em primeiro lugar, saberão os artistas que desenharam o próximo mapa da Europa que, sem que seja um mal em si, estão a plantar mais um estandarte muçulmano na explosiva região balcânica... Como disse, esse facto, em si mesmo, não representa mal algum, a não ser que a miséria, a ignorância, a desordem interna e o jugo de máfias estimulem a emergência de fundamentalismo, como em tantas regiões pobres do globo. Mesmo a velha e orgulhosa Albânia é um “pagode” que só visto...
Com o que passo ao segundo dilema: tudo indica que, a não ser com tráficos sortidos, o território será economicamente inviável. Paga quem? Para sempre?!
Em terceiro lugar, penso que pode confirmar-se que existem informações muito precisas (conhecidas pelos governos ocidentais) sobre o curriculum vitae dos putativos dirigentes políticos da eventual república. A ser verdade, o que se vai sabendo (até) em Portugal dava cadeia... Por lá, parece que dá lugares de Estado...
Depois, a provocação clássica: gostava de perder Guimarães, se uma comunidade estrangeira se tornasse maioritária por lá?! Pois relembro que os sérvios olham para o Kosovo como um marco inegociável da sua nacionalidade.
Como quinto óbice, o desafio é pensarmos no precedente aberto e na quantidade de boa gente que vai querer o mesmo, com maior ou menor probabilidade de êxito e com mais ou menos razoabilidade, a começar pelo próprio Kosovo, onde me pergunto qual a legitimidade para não conceder a independência aos territórios maioritariamente sérvios, a norte do rio Ibar. Acresce que os países vizinhos, de seu nome Macedónia e Bósnia e Herzegovina, têm minorias albanesas que podem sentir a inspiração dos vizinhos.
Mas há mais: já que alguns o farão também para desafiar a geopolítica da Rússia, creio que pouca surpresa haverá se, um dia destes, a rapaziada de Moscovo apoiar a secessão da Abecásia (da Geórgia) e da Transnístria (da Moldávia) que, em bom rigor, já se governam a si mesmas, com predominância dos russos e ucranianos (ao menos no segundo caso, é a meias). E como resolver a vocação independentista do enclave arménio de Nagorno-Karabakh (no Azerbeijão)? E, fora de portas, como pensarão os génios da ONU o problema da Somalilândia, na sempre “animada” Somália? Pois, é... Não está fácil... Mas, enquanto isso, vamos asneando por perto.
Por fim, neste capítulo do efeito de carambola vêm-me ao pensamento Espanha (País Basco, para não falar, por exemplo, da Catalunha), Grécia, Chipre (e que interessante será ver a reacção da parte turca), Turquia (o Curdistão deve adorar o Kosovo), Estados Bálticos (atenção às minorias russas), Bélgica (cada vez mais flamengos e valões se distanciam), França (não vá Pristina animar a boa gente da Córsega), Tchetchéchia, e por aí fora, numa sequência de peças (como afirmei, umas com mais objectividade do que outras) de um dominó que pode acabar por cair para fora da mesa da política europeia.
Confesso que acho bonito o apoio filosófico à autodeterminação, mas tenho para mim que outro seria o empenho “ético” do Ocidente, se a aviação da NATO não tivesse escaqueirado Belgrado... Sei ainda que era mais popular defender o contrário, mas não busco o título de “Miss Simpatia da Geopolítica”.

O excelente texto do jornalista português (oportuna busca de fontes, pois até cerca de um mês atrás, Portugal chefiava a União Européia e arcava com os problemas e responsabilidades da entidade) expõe o dilema que se encontra diante da Europa e da perpectiva do Velho Continente quanto à questão do nacionalismo, da política das ''nacionalidades'', da adaptação da Europa do Leste ao sistema europeu e do equilíbrio geopolítico que cumpre o ciclo iniciado como fim da URSS e da divisão ideológica da Europa. Um sistema que provocou uma ruptura que até hoje provoca desconforto e incerteza em grande parte do continente.
O jornalista destaca os principais pontos frágeis da política da União Européia no que tange à aplicação do ''princípio da nacionalidade'' emanado pela Revolução Francesa e que provocou as rupturas que declinaram Impérios multi-culturais que dominavam a Europa e mergulhou o continente nas políticas nacionalistas e fragmentárias que deram origem às duas Guerras Mundiais e aos fenômenos delas decorrentes.
A situação do Kosovo, já bem conhecida até mesmo pra nós no Brasil (fato raro, visto a campanha de focalização das guerras do Oriente Próximo no intuito de difamamr a imagem dos Estados Unidos) ocupa posição destacada nos meios de comunicação, sobretudo dos impressos, no país já há um tempo. Haverá o momento de tratá-la com toda a especificidade e cuidado com que o assunto necessita.
São citados em seguida os conflitos na ex Iugoslávia, que não se acabaram, tampouco se resolveram. Apenas estão, como em outras ocasiões, num momento de crescente efervescência e delineamento do caráter do próximo conflito, iminente. Bósnia instável, Sérvia firme em suas aspirações e opiniões a respeito do andamento da situação da região. Área de influência albanesa cada vez mais desorganizada e o Kosovo, que aspira a independência, dá sinais de irresponsabilidade e inaptidão política ao eleger como representante do futuro governo independete um ex-guerrilheiro, criminoso de guerra.
Que os Bálcãs tem sua história permeada de guerras é fato. Que sua localização geográfica estratégica, num ponto que une o Oriente Médio muçulmano, a Europa Cristã e a área de influência russa, ortodoxa; é responsável por esse conflituoso histórico também não é novidade.
Porém, para piorar a situação, há ainda a região pouco conhecida no Brasil, mesmo no meio acadêmico, mas que é de extrema importância estratégica; O Cáucaso. Marcado pela cadeia de montanhas que separa geológicamente a Europa e a Ásia, os países caucasianos, embora minúsculos, sabem bem como fazer guerra e estiveram envolvidos nas lutas dos anos 90( decorrentes do vazio político advindo da queda do comunismo) enquanto a mídia focalizava a Iugoslávia. A região, que possui uma importância estratégica enorme, passa por um período de transição, onde as vontades do ''Império Russo'' colidem com os ideais democráticos da Europa Unida, numa sequência de ''revoluções coloridas'' que trazem à tona novas perpectivas de paz e democracia como também o ressurgimento de situações conflituosas que instabilizam a região.
Azerbaijão, Nagorno Karabach, Armênia, Geórgia e os países da Ásia Central que, forçosamente participaram da vida européia durante o domínio soviético, se convulsionam e procuram seu lugar diante do emaranhado de raças, credos e interesses políticos que ali se chocam.

Enfim, um panorama bastante longo, rico e importante que a maioria dos estudiosos acaba por se furtar.
Esse é o projeto que se avizinha e que espero cumprir.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Paramilitares: Não me assusto mais

Morro do Dendê é ruim de invadir
Nós com os alemão vamos se divertir
Por que no Dendê eu vou dizer como é que é
Aqui não tem mole nem pra DRE
Pra subir aqui no morro até a BOPE Treme
Não tem mole pro Exército, Civil nem pra PM
Eu Dou o maior conceito para os amigos meus
Mas morro do Dendê,Também é Terra de Deus
(...)
Em um post antigo, da época em que este blog ainda estava em domínio uol, escrevia a respeito de minha estranheza em relação à proximidade entre o verbete ''paramilitares'' e a realidade brasileira.
Pois bem. Esta semana eu estava em meio a uma pesquisa na popular enciclopédia on-line ''wikipedia'' e me deparei com estatísticas no mínimo instigantes (link sob o título). Numa tabela sobre a capacidade de mobilização militar dos países ao redor do globo há informações sobre o número de militares ativos e reservistas de cada país. Nada de novo até aí. China, Estados Unidos e Coréia do Norte lideram em número de tropas regulares.
Porém, o que mais me chamou a atenção foi o terceiro item da lista: Tropas paramilitares. Nesse quesito, surpreendeu-me ver os Estados Unidos com algumas dezenas de milhares de tropas irregulares. Vietnã também.
O interessante é constatar o Brasil na lista, onde ocupa a 10ª posição com alegados 285.000 paramilitares.
Esse termo, paramilitares, designa uma série de grupos com diferentes estratégias, intuitos e poderios.
Comecei o post com a já célebre música de dois MC's que mal existiam para o mundo ates do mega sucesso ''Tropa de Elite''. A música narra o quotidiano da favela quando se defronta com ''o único braço do Estado que sobe o morro'', (a polícia) e nomeia as armas que estão nas mãos dos traficantes.
Os paramilitares que a pesquisa se refere são os traficantes que fazem dos complexos de favelas das grandes cidades o seu refúgio, seu domínio. Mas não só eles.
Hoje, 10/12, numa reportagem casual lembrou-me o caso Dorothy Stang, assassinada por grileiros.
Grileiros, traficantes e mesmo os nossos nativos representam o número vergonhosamente nosso na internet. Índios (paramilitares?) mantém reféns, matam grileiros em confrontos, fazem sequestros. Nossos bons e inocentes nativos, que em alguns pontos do país sustentam ostensivamente o retrato do ''salvador'' Evo Morales, uma clara afronta ao país.
Continuo pois, abismado com os rumos do Brasil e a alienação de grande parcela da população e mesmo da intelectualidade que não vêem a situação caótica que enfrentamos. E ainda se atrevem a chamar Evo e Chávez de ''bons homens e salvadores do povo latino-americano''.
Dia 10 de dezembro acaba o prazo de permanência da Kfor, a Força de Implementação da Paz para o Kosovo. É provável que haja violência sustentada por paramilitares sérvios e kosovares albaneses. Por que será que não me espanto?

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Divórcios

A proposta do escritor judeu Amós Oz para o Oriente Médio parece estar em voga nos atuais dias, sobretudo na Europa. Divórcios.
Quando Oz fala que a única alternativa para Israel e Palestina é o divórcio, nada amigável, tampouco satisfatório, mas necessário, o pesquisador expõe a tendência que passa a tomar conta da mentalidade européia no fim da primeira década do século XXI.
Recentemente crescem os rumores de uma separação até pouco tempo improvável entre as duas entidades culturais da Bélgica, a Valônia, francófona, e a região de Flandres de influência holandesa. Ambas as regiões foram aculturadas pelos belgas como parte de uma nação única.O presidente Yves Leterme apóia a proposta de cisão, e a população tem se manifestado favorávelmente.
No complicado barril de pólvora da região mediterrânea, não bastassem os velhos problemas entre as antigas repúblicas iugolavas, a Turquia também contribui para dar à UE mais dor de cabeça. Os turcos, após intenso debate em torno da questão da secularização e do papel do país frente aos muçulmanos e à União Européia, se preocupam mais com seu lado oriental. Expulsar a minoria curda que ocupa o leste do país e planeja se utilizar desse naco da Turquia para construir seu próprio Estado parece ter se tornado prioridade. Os combates se intensificam e os curdos instabilzam a região, além do Irã, que nesta semana começou a ter problemas mais sérios com rebeldes curdos em sua fronteira. Porém, essa atitude não só atrapalha as relações do país com os EUA (pois a ofensiva turca tornaria instável o já frágil equilíbrio de forças políticas do Iraque), como também dificultaria as relações com os países que representa junto à OTAN no mediterrâneo.
Esse é outro divórcio bastante problemático. Se arrasta há mais de uma década e parece não encontrar um fim satisfatório para as partes envolvidas. Hoje se reúnem as autoridades da Sérvia e do Kosovo para, ao menos, encenarem a tentativa de estabilizar a situação iniciada nos anos 90. Já se diz que não haverá acordo. Em dezembro encerra-se o prazo para a resolução do caso.
O divórcio da Iugoslávia já rendeu em torno de quinze republiquetas que só agora, dez anos após as encarniçaadas guerras que deixaram centenas de milhares de mortos, começam a se estruturar. E caso haja mesmo a guerra que se prevê no Kosovo, a instabilidade da região poderá fazer surgir os sentimentos dos sérvios bósnios que procuram independência total em relação à Federação, e a província de Vojvodina, que há tempos tensiona as relações entre Belgrado e Budapeste.
Ainda há que se lembrar o processo movido pelo governo espanhol contra os líderes do movimento independentista basco na Espanha. Essa situação põe em risco também a paz na Europa do Oeste, que há tempos regozija-se da prosperidade da UE. A Espanha ameaça suprimir os direitos da minoria basca, começando por ''caçar'' seu sustentáculo político e limitar as autonomias da região.
São situações previstas desde o começo da década pelos analistas políticos, e que agora se confirmam num meio que tende cada vez mais ao conservadorismo e à intolerância, regredindo o processo iniciado há anos que visava admitir na Europa todas as culturas.
Divórcio em tempos de paz e guerras em nome da paz nos divórcios. É a previsão para um futuro muito próximo.