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domingo, 15 de março de 2009

Tempos de estruturação

Bons dias

Tardes

Noites.

Em primeiro lugar, cabe deixar às claras uma questão: A retrospectiva anunciada no post de reinauguração terá de ser feita aos poucos. Possivelmente com um post para cada mês do ano se 2008. Espero que consiga publicar o texto a respeito de janeiro ainda hoje.

Vamos às notícias do dia:

Folha On Line:

Na edição de hoje a Folha destaca as várias contradições e a reação da opinião pública acerca das questões que envolvem o conflito que já há anos ocorre no Sudão, onde as disputas por poder entre tribos (e tendências políticas) rivais já provocaram dezenas ou mesmo centenas de milhares de mortes. A chamada ''questão de Darfur'' já vem a tempos trazendo preocupação para várias instâncias internacionais, desde a União Africana até o Tribunal Penal Internacional, que exige a prisão do presidente sudanês.

A reportagem traz uma comparação entre as opiniões de três antigos ministros de Relações Exteriores acerca da postura do Brasil frente aos problemas internacionais.
A posição defendida por Luis Felipe Lampréia e Celso Lafer destaca que a anuência do regime brasileiro em relação a ditaduras e governos que nitidamente desrespeitam os direitos humanos, como os casos do Sudão e de Cuba, prejudica a imagem brasileira, que se propõe como um país pacífico e contrário às violações aos Direitos Humanos. A não condenação aberta de Lula a Fidel ou a Omar Bashir ''ameaçam a credibilidade do Brasil''. 

O autor destaca também que as motivações para esta atitude podem ser principios ou vontades do governo Lula, bem menos benevolentes do que a simples obediência a principios de não interferência. Segundo Lampreia, uma tomada de posição mais firme do Brasil contra Omar Bashir ameaçaria o suposto apoio árabe a uma candidatura do Brasil para o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente. 

A retórica da diplomacia de Celso Amorim vai contra uma série de medidas e tradições do nosso país em nome de interesses da Nomenklatura brasileira.
Francisco Rezek, que foi ministro no primeiros dois anos do governo Collor defende que, apesar de gafes e contradições da política externa brasileira dos últimos anos, o governo entende ''o que é certo e o que não é''.

O debate persiste em torno de problemas onde o Brasil quer se fazer presente (a luta encarniçada por uma vaga no CS atesta isso) mas que, paradoxalmente, se furta à tomada de posição frente a ditaduras e horrendas violações dos direitos humanos.

Já o portal G1 traz como notícia  a publicação de um livro compilado por Murat Bardakci, que expõe os números do massacre turco contra a população armênia no início do século XX. 
A publicação do livro traz à tona esse velho fantasma que assombra a vida, a memória e mesmo a política da Turquia. Entre 1915 e 1916, quase um milhão de armênios foram mortos pelas tropas turcas naquele que é considerado o primeiro genocídio da história. Assim se considera devido ao fato de que o termo ''genocídio'' foi cunhado pelo linguista e advogado polonês Raphael Lemkin para designar e diferenciar o caráter dos crimes cometidos contra os grupos armênios na Turquia.

Segundo a reportagem, à medida que a sociedade turca tem se tornado laica e mais aberta, tanto na mentalidade quanto na política e nos modos de lidar com a memória do Império Otomano, mais produtivo tem sido o debate em torno desse importante momento da história turca.

O autor trabalhou com os documentos de Talat Pasha - principal orquestrador das deportações armênias em território otomano - entregues a ele pela viúva de Pasha, Hayryie. Os documentos apresentam as listas que dão uma noção do abalo demográfico resultante das deportações e do genocídio. ''Antes de 1915, 1.256.000 armênios viviam no Império Otomanos. Dois anos depois, o número era de 284.157.''

Os autores turcos defendem que havia necessidade urgente em efetuar a deportação dos Armênios, pois estes apoiavam o Império Russo num momento de guerra entre os dois impérios. Porém autores sustentam que o número de mortes, suas formas e o empnho das autoridades não evidenciam a luta contra um grupelho de rebeldes, mas sim um grande plano de extermínio.

O fato que chama atenção, no entanto é de que a Turquia permitiu a publicação do livro e, mais que isso, permitiu-se dicutir um assunto que há muito tem sido tratado como tabu pelas autoridades e pelo povo.

Fica a esperança de que a Turquia possa, num futuro próximo, acertar as contas com seu passado. Não se trata de pedir perdão a outrem, mas de assumir todo o caráter e todas as páginas de seu passado.